terça-feira, 10 de agosto de 2010

Limão

Que calor sai que o vento não traz
Se calor caísse do céu, minha alma seria quente
Minha cabeça ferveria e meus pés aqueceriam!
Agora abra os braços e sinta o vendo, este vem das colinas
Vem da nuvem fria, do alto impiedoso e gritante
Agora grite, grite para que te ouçam, pro vento descer
Pro céu cair, pra nuvem derreter e sua cabeça explodir

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Do portão de casa

Já te ocorreu a felicidade nos olhos?
Disseram que toda a verdade não ama
Então vem cá! Me abraça e me leva embora!
Eu não vivo longe, mas minha cabeça não tem lar
É verdade!
Aceite a minha junto, perto da tua!
E agora olhe ao redor e tente lembrar
Das proibições que sofreu aqui e ali
Do livro que lia na varanda
E do dia que olhei para o chão e disse:
Ana, a felicidade aqui é você!

Leila ainda ama seu revólver!

Me esconde, a raça me escuta!
A Leila me traz seu prazer,
A Leila me escuta, ela é raça,
É vida! A Leila é minha!
Ficou como está, ficou aqui
Seu jeito, seu gesto indecente
Sua raça me escuta, Leila, me ouve
Leila, me escute, me ouça, Leila
Nunca pare de sorrir, Leila
Nunca ouça seu coração, nunca finja
Fingir é feio, Leila, fingir é fora de ti
Fingir é feio!
Sua raça te escuta, amor, não finja!
Agora tu se perdeu! Cadê tua arma?
Se jogou pra cima e esqueceu que caía
Quem um dia pulou me disse como é lindo
O céu e como as nuvens esquentam quem pula
Leila, tu esqueceu que tu caiu?
Que uma viajem para uma floresta te traga de volta
Ou que um pique nique seja o suficiente,
você lembra de quando íamos pra floresta?
Leu o jornal de ontem? Leia, Leila! Leia
Agora é você e o mundo no jornal, as notícias
As notícias também me consomem, eu não fujo
Foge por mim, foge pra loge, use sua arma
E de um tiro na sua cabeça, não erre mais!
Leila, agora pare e me escute, Leila!
Pare e me escute, o mundo te assombra?
O mundo é refletido, o céu já não é azul
Nem o jornal possui letras, frases! Tente ler!
Nem o sol é quente, o sol é frio! A lua é fria!
O mar é frio, seus cabelos são frios, Leila!
Sua boca tem cheiro de tinta e seus olhos escorrem
Sua beleza é triste e morena, mas é intacta!
Leila, minha realidade! Agora me escute novamente
Entregue-se ao mar, deixe-se guiar pelas ondas
Não faça força, não respire, não pinte mais seus lábios
Esqueça tudo o que eu te ensinei!
Leila, Leila, o mar é lindo, você é linda, as ondas são graças
Navegue e flutue na alma da água que é tão quente quanto a sua
A sua alma é quente quanto está longe de mim!
Leila, sua alma é quente quando está longe de mim!
Leila, me escute, sua alma é quente quando está longe de mim!

Formigas

Eu lembro do dia! Eu estava perto da minha janela, e da minha mão saíram formigas. Uma de cada vez! Saíam e não voltavam mais. Quando percebi que minha mão estava inflamando, vi meu pé direito com mais formigas! O meu pé tinha se tornado um formigueiro! A terra era o sangue e as raízes os músculos e ossos. Continuei a matança, uma por uma, e não previa hora para acabar! Lembro de ter visto através do buraco do pé a pequena a sociedade organizada, algumas caminhavam sobre meus ossos e outras banhávam-se de vermelho. Continuei a matança!